EAD: MEC alerta sobre alta porcentagem de formação de professores em modelo remoto
Um levantamento e pesquisa realizada com dados obtidos e formulados a partir Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) informa uma que há uma alta porcentagem dos professores que concluíram sua formação em cursos de licenciatura a distância, oferecidos por instituições privadas de ensino, sendo, desse modo, um aumento significativo ao longo de uma década.
Ademais, em 2002, apenas 28,2% dos professores tinham optado por essa modalidade de ensino, enquanto em 2022 esse número mais do que duplicou, atingiu 60,2%.
Paralelamente a esse crescimento, foi observado determinada redução na qualidade dessas graduações durante o mesmo período.
É notável que, apesar do alto aumento na adoção da educação a distância (EAD) visto pelos demais cursos de nível superior, a proporção de estudantes que concluem seus cursos nessa modalidade é significativamente menor quando comparada às licenciaturas.
Problemas na formação de profissionais educacionais no modelo EAD:
Apesar de o ensino a distância ser um método mais prático, rápido, dinâmico e viável para inúmeros estudantes, existem problemáticas que se resultam nesse estilo de educação, que visa por consequência prejudicar e ameaçar o ensino de jovens e adultos nas instituições de ensino:
- A conexão fragilizada entre o conteúdo ministrado nas instituições de ensino superior e as demandas enfrentadas pelos profissionais no cotidiano das escolas, é muitas vezes descrita como uma carga horária centrada na teoria e precarização de aplicação prática, de acordo com alguns especialistas.
- Deficiências na organização dos estágios obrigatórios.
- A transformação dos cursos à distância em um produto comercial, descrita pela produção econômica de conteúdo com aulas liberadas e sua distribuição para um número indefinido de estudantes, frequentemente disponibilizada através de promoções que cobram menos de R$ 200 mensais, o que facilita na execução da graduação, mas que não determina e visa qualidade, que devem ser essenciais para a capacitação profissional do futuro professor.
- Deficiências nos mecanismos do Ministério da Educação (MEC) na supervisão da qualidade dos cursos.
Atuação do MEC para solucionar problemáticas:
Em defesa e em busca de melhor controle e qualificação dos cursos, o Ministério da Educação estabeleceu um Comitê de Trabalho dedicado à Formação de Professores, com o objetivo de aprimorar e elevar os padrões de regulamentação dos programas de licenciatura, com foco especial nos cursos à distância. Este é um dos compromissos reforçados pelo ministério. Além disso, a instituição destacou sua prioridade em fortalecer o ensino presencial.
Desempenho dos alunos de cursos remotos:
Os efeitos negativos na qualidade da formação de professores já estão se tornando evidentes nos resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Outrossim, existem dados fornecidos pelo Todos Pela Educação, que mostram e comprovam que nos últimos anos, a disparidade no desempenho entre os alunos matriculados em cursos de pedagogia a distância e aqueles na modalidade presencial só tem crescido.
Em 2014, os estudantes que optaram pelo ensino a distância estavam aproximadamente 2,3 pontos atrás de seus colegas que frequentavam aulas presenciais no exame. Atualmente, essa diferença aumentou para quase 6 pontos.
Consequência de graduações executadas por EAD:
Consideravelmente por conta da qualidade insuficiente do ensino médio público, os estudantes que obtiveram propostas em instituições privadas frequentemente apresentam lacunas em conhecimentos fundamentais. Assim, os futuros educadores se envolvem em programas universitários de nível inferior e, após sua formação, enfrentam desafios significativos na aprovação de concursos públicos altamente competitivos.
Muitas vezes, oferecem ofertas como professores temporários em escolas com infraestrutura insuficiente. Desse modo, é ensinado aos alunos que já enfrentam desafios socioeconômicos, perpetuando assim uma qualidade de educação inferior em comparação com os estudantes mais privilegiados, o que promove uma cadeia cíclica de acontecimentos que podem perpetuar e contribuir para formações e estudos relativamente fracos e escassos.